quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Juliana Campani

Achei realmente muito interessante. Obviamente, não apresenta nada de novo, mas faz a gente pensar em muita coisa a respeito dessa modalidade. Eu mesma acreditava que elaborar, realizar e editar uma entrevista era tarefa bastante simples, pois nunca havia pensado nos "pormenores". É necessária extrema habilidade para fazer as perguntas certas de forma a não inibir o entrevistado e obter respostas consistentes e relevantes. Depois, durante a entrevista, o jornalista precisa apresentar desenvoltura e capacidade para deixar a conversa fluir com naturalidade, mas sem desvios do foco, ir direto ao ponto, mas de forma sutil e ao mesmo tempo objetiva. A autora comenta ainda a questão do uso do gravador e concordo que ele deve ser evitado ao máximo, não me sinto confortável para conversar (e o entrevistado ainda menos, certo?).
E a edição deve também ser um trabalho minucioso de apuração e seleção do que de mais importante foi dito, e aí acredito que se dá a grande diferença entre o bom e o mau jornalista, ou aquele que se atém à cartilha ideológica da empresa e o que segue uma linha menos radical. A seleção de comentários pode distorcer completamente o sentido do que se intensionava dizer, e dar margem a escândalos e gerar situações comprometedoras para ambos.
Não é difícil pensarmos em exemplos de cortes significativos que alteram o sentido das informações prestadas. Lembro-me de várias entrevistas com o presidente Lula exibidas no Jornal Nacional em que notava-se claramente a supressão de declarações cuja importância era fundamental para sustentar o que ele afirmava. Obviamente, não era essa a proposta, e a "edição" do material colaborou para tranmitir a sensação de insegurança e imprecisão, sempre a favor das convicções político-ideológicas da Rede Globo.

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