domingo, 16 de dezembro de 2007

Fim e recomeço

O que fazemos nós, os jornalistas? Contamos histórias, construímos versóes, buscamos a verdade numa rotina apressada e parcial? E qual verdade?

Neste momento de fim de ano, vale refletir um pouco sobre o nosso papel na sociedade e no mundo. E, talvez, Drummond nos ajude.


VERDADE

Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Devolução dos trabalhos

Pessoal, os trabalhos entregues, com meus comentários, estão disponíveis para vocês no escaninho, na entrada da FABICO.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O final

Gente, conforme avisei hoje na aula, na semana que vem deveremos nos reunir, eu, Mario e Porcello, para definir as notas finais.

No dia 11/12, terça-feira, estarei à disposição dos alunos na sala 113, das 8h às 12h, para devolução dos trabalhos finais, comentários, bate-papos, dúvidas etc etc etc. Sugestões e críticas tb podem ser enviadas para o meu e-mail, evidentemente, se vocês quiserem. Estou à disposição.

Tb convido a todos para aparecerem no próximo dia 06/12, quinta-feira, na sala 310, onde o poeta, escritor e jornalista FABRÍCIO CARPINEJAR vai conversar com os alunos de RED III sobre crônica. Venham porque acho que o encontro será muito legal!

Last but not least, foi um grande prazer e um enorme desafio ter encarado este semestre com vocês. Espero que vocês tenham aproveitado ao menos um pouco do que eu aprendi com a turma. Boas férias!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Cronograma

A próxima aula, dia 21/11, é a ÚLTIMA OPORTUNIDADE para entregar trabalhos atrasados. Depois disto, não aceito mais. Quem tiver dúvidas sobre trabalhos atrasados, favor me mandar e-mail.

Lembro que a quantidade de trabalhos entregues influi diretamente na nota final. A apresentação oral (tem gente que ainda apresentará, claro) conta como um dos trabalhos.

A aula seguinte, dia 28/11, é a entrega do trabalho final, conforme agendado desde o primeiro dia de aula e previsto no plano de aula das disciplina.

A seguir, a relação completa dos trabalhos feitos durante o semestre.

1 - Análise das manchetes
2 - Lide do casal
3 - Texto sobre a abertura da Expointer
4 - Texto a partir de pauta sobre a Expointer
5 - Resenha sobre trabalhos do Gaspari e sobre matérias sobre o Collor
6 - Texto sobre o acampamento farroupilha
7 - Pauta feita em aula
8 - Pautas feitas em casa
9 - Informações sobre a pauta escolhida + relação de 10 fontes possíveis
10 - Resenha sobre texto da Helena Chagas
11 - Entrevista pingue-pongue
12 - Novo título para matéria

sábado, 3 de novembro de 2007

Amanda Jansson

O texto é muito bom, a linguagem é fácil de entender, e as dicas são extremamente práticas. A autora fala o tempo todo sobre as "normas" que devem regrar uma boa entrevista, mas diz que "o marco na história do jornalismo político no país" (a entrevista de Carlos Lacerda com José Américo de Almeida), foi exatamente o contrário de tudo o que vinha sendo apresentado no texto. Mais uma prova de que bom jornalismo, quando segue o bom-senso, a ética e a originalidade, não tem, necessariamente, que seguir regras.
Mesmo que estejamos vivendo "outro momento histórico, social e político", como explica a autora, alguns trabalhos, por suas característica "pioneiras", fazem mais diferenças quando se formulam naturalmente, sem seguir norma nenhuma.
Claro que apresentar regras que guiem uma entrevista dá um caminho para os estudantes de jornalismo, mas acho que pensar por si mesmo, praticando e tomando decisões é o que realmente traz aprendizado. O formato das entrevistas muda - é normal que tudo mude na maneira de se comunicar quando se entra na era da televisão de massa e, logo, da "Internet
de massa" - mas um jornalista que esteja informado sobre o assunto sobre o qual pergunta (e que sabe perguntar o certo na hora certa), vai apenas precisar adaptar sua entrevista aos diversos meios de comunicação e às suas evoluções.

Acho legal colocar aqui o link da entrevista que o Edir Macedo deu, por email, para a Folha de São Paulo. Não é política, mas é bem interessante, também pelo conteúdo do que é discutido. Nessa entrevista, o bispo não fez restrições a nenhum assunto, mas teve assessoria de executivos da Record e de membros da Igreja. E ela traz o principal problema da entrevista por email: as perguntas que ficam sem resposta, já que o jornalista não pode replicar. Em uma pergunta, por exemplo, Edir Macedo responde com outra, enfim. Além disso, a entrevista por email também dá tempo para que o entrevistado crie um "discurso" que pode soar falso e montado, como o bispo faz algumas vezes.
Há também aquela "agonia" de, depois de receber a entrevista respondida, ver que uma resposta que o entrevistado deu poderia ser assunto para outra pergunta, talvez ainda mais interessante.

http://www.polibiobraga.com.br/?PAG=noticias_anteriores_detalhe.asp?ID=39635

Cristina Tworkowski

A autora traz algumas considerações sobre o que precisa e o que não deve ter em uma entrevista política. Destaco a sensibilidade em perceber que, para obter respostas de alguém, o jornalista precisa "conquistar" o respeito ou a confiança do interlocutor, e que um comportamento hostil dificulta o acesso às respostas. Neste caso caberia elogiar a atuação de Samuel Wainer ao entrevistar Getúlio Vargas, situação mencionada no texto e que me chamou a atenção.

É preciso considerar pelo menos três coisas ao entrevistar um indivíduo político:
a) quais os interesses envolvidos naquela entrevista,
b) de que maneira o interesse público está sendo atendido e
c) quem se beneficia com essa notícia.

É um jogo muito interesante lidar com este tipo de entrevistado...

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Maria Elisa

Ao realizar uma entrevista, o jornalista é o elo que existe entre a informação escondida no entrevistado e o público ávido por conhecê-la. Movido pela sua curiosidade pessoal - sem deixar que ela se sobreponha ao interesse da população - e embasado no seu conhecimento de mundo, o profissional atua como porta voz de conteúdo. Sensibilidade, educação, bom senso e honestidade – valores um tanto subjetivos quando se fala em técnica de entrevista – permitem que entrevistador e entrevistado sejam cúmplices num jogo que, apesar de muitas vezes visar autopromoção, tem como metas o esclarecimento ou a provocação de reflexão. É engraçado perceber que por mais produção que determinadas entrevistas exigem – e é necessário que isso ocorra – um simples bate-papo no elevador pode ser infinitamente mais revelador para a construção de uma boa história. Respeitadas as questões éticas que envolvem a questão do "tornar-se público", as premissas da entrevista são o questionamento e o diálogo. Na hora certa, no lugar certo e com a pessoa certa.

Juliana Campani

Achei realmente muito interessante. Obviamente, não apresenta nada de novo, mas faz a gente pensar em muita coisa a respeito dessa modalidade. Eu mesma acreditava que elaborar, realizar e editar uma entrevista era tarefa bastante simples, pois nunca havia pensado nos "pormenores". É necessária extrema habilidade para fazer as perguntas certas de forma a não inibir o entrevistado e obter respostas consistentes e relevantes. Depois, durante a entrevista, o jornalista precisa apresentar desenvoltura e capacidade para deixar a conversa fluir com naturalidade, mas sem desvios do foco, ir direto ao ponto, mas de forma sutil e ao mesmo tempo objetiva. A autora comenta ainda a questão do uso do gravador e concordo que ele deve ser evitado ao máximo, não me sinto confortável para conversar (e o entrevistado ainda menos, certo?).
E a edição deve também ser um trabalho minucioso de apuração e seleção do que de mais importante foi dito, e aí acredito que se dá a grande diferença entre o bom e o mau jornalista, ou aquele que se atém à cartilha ideológica da empresa e o que segue uma linha menos radical. A seleção de comentários pode distorcer completamente o sentido do que se intensionava dizer, e dar margem a escândalos e gerar situações comprometedoras para ambos.
Não é difícil pensarmos em exemplos de cortes significativos que alteram o sentido das informações prestadas. Lembro-me de várias entrevistas com o presidente Lula exibidas no Jornal Nacional em que notava-se claramente a supressão de declarações cuja importância era fundamental para sustentar o que ele afirmava. Obviamente, não era essa a proposta, e a "edição" do material colaborou para tranmitir a sensação de insegurança e imprecisão, sempre a favor das convicções político-ideológicas da Rede Globo.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Guilherme Justino

Acho que uma das grandes dificuldades em jornalismo político é quando se entrevista deputados e senadores em seu local de trabalho. Eles sempre têm algo a dizer. Não que isso seja bom, pois normalmente os jornais mostram políticos de partidos diferentes trocando “farpas” com claros interesses eleitoreiros, o que, se traz informação, é apenas sobre as opiniões de governo e oposição, nada de construtivo.
Outro aspecto importante nesse tipo de entrevista para mim é não cair na “lábia” do político. Eles sempre irão querer exaltar seus feitos, mas o jornalista deve sempre primar pelo interesse público: se uma resposta for dada de forma muito promocional, o melhor a fazer é descartá-la. Por mais que um assunto diga respeito a determinado político, o cargo dele, seja qual for, é mais importante que ele próprio. E é trabalho do jornalista contornar esse grande ego da classe política para fazer uma boa entrevista.

Diego Difini

Apesar de conter dicas interessantes para a realização de entrevistas, além de discutir de modo bem objetivo, ponto a ponto, o que seriam "regras" para uma boa entrevista, o que mais me chamou a atenção no texto "Decifra-me ou te devoro: a entrevista política", de Helena Chagas, foram as diversas histórias de grandes entrevistas feitas por jornalistas famosos.
Dentre elas, gostei bastante do relato de Samuel Wainer sobre a sua recepção da Fazenda dos Santos Reis. O que mais me chamou a atenção foi, ao menos pelo que conta o texto, a rapidez e a inteligência do jornalista ao responder a afirmação de Getúlio "Espero que não tenha vindo me entrevistar", pois, em uma situação em que foi flagrado em sua intenção e, ainda por cima, recebeu uma negativa prévia do entrevistado, o repórter conseguiu inverter o jogo com uma resposta bem-humorada. Naquele momento, me parece, Wainer conquistou a simpatia do entrevistado, o que possibilitou a famosa entrevista, publicada sob o título "Getúlio é candidato", em O Jornal.
"A sua primeira mensagem aos visitantes foi um bom copo de água gelada e o aviso de que não tardaria. Desejava apenas saber quem o procurava. Mandei-lhe um cartão e segundos depois o ex-ditador surgia à porta, bombachas e blusão gaúcho, forte e tostado do sol, muito mais saudável e ágil do que a última e, aliás, primeira vez que o vi no Senado, no Rio, em 1942. 'Então, como vai o petróleo? Espero que não tenha vindo para me entrevistar', disse. 'Não senador, vim conceder-lhe uma entrevista. O que deseja saber?'"

Samantha Klein

O texto de Helena Chagas traz premissas fundamentais para qualquer entrevista. A entrevista política é a especialidade da autora e sua experiência mostra que neste trabalho jornalístico é preciso verificar (intuir, investigar) se as revelações concedidas são ou não importantes como informação. "Entrevistar é decifrar", segundo a autora. Decodificar o que é relevante ao público e não à fonte. A repórter dá dicas de como realizar uma entrevista boa e interessante, mas admite que não há regras rígidas, apesar de o jornalismo moderno primar pela objetividade e isenção.

A norma citada por ela, que considero mais importante é o preparo para a entrevista. Conhecer o assunto evita perguntas fora do contexto e interpretações equivocadas, além de contribuir para a confiança por parte do entrevistado. A partir disso não é difícil atender às outras regras para tornar a entrevista de interesse do público. Supor o que é relevante como informação pode ser de certa forma subjetivo, mas quem concede entrevista sempre tem razão para isso. Portanto, muita atenção para interesses obscuros e nunca esquecer que o jornalismo tem um objetivo capital: levar notícias para a sociedade e é em função dela que se trabalha; e não para promover políticos.

Mariana Benevit

Encontrei um trecho de uma entrevista que o Leonel Brizola concedeu ao Pasquim (http://www.pdt.org.br/personalidades/bzentpaquim.asp). Como era de se esperar, apesar de também abordar temas políticos, entrevista é levada de uma forma muito menos formal do que nos outros jornais. O que chama a atenção no início da entrevista é o tom mais sóbrio, tratando até mesmo com um certo distanciamento o governador:

Luís Pimentel - "Governador Leonel Brizola, estamos muito satisfeitos com a presença do senhor aqui. Queremos lhe agradecer e dizer que neste jornal temos o maior respeito e admiração pelo senhor. É uma honra recebê-lo."

Mariana Sirena

A entrevista jornalística envolve interesses de ambas as pontas de um diálogo. De um lado, temos o jornalista interessado em recolher informações relevantes e interessantes para os leitores, telespectadores ou ouvintes, e de outro temos o entrevistado, interessado em vender/compartilhar o que sabe, ou ocultar algum aspecto de sua vida. Esses interesses podem ou não convergir. Em se tratando de política, deve haver um especial cuidado na hora de conduzir a conversa, para uma possível localização do que está oculto e precisa ser decifrado. Como Helena Chagas afirma no texto "Decifra-me ou te devoro", a entrevista é a matéria prima para o fato político, e tratando-se de um diálogo, o jornalista precisa ter consciência de sua posição e bom senso para lidar com a fonte e todo o jogo de interesses envolvidos aí. O interesse do jornalista é o interesse do público, pois é o público com suas curiosidades e necessidades que ele representa no momento da entrevista.

Jaqueline Crestani


Penso que todas as informações trazidas por Helena Chagas no texto “Decifra-me ou te devoro: a entrevista política” são válidas, assim como os exemplos citados. Concordo com a autora quando esta diz que é fundamental que, em primeiro lugar, o entrevistador deve estar consciente de que ele e o entrevistado estão em lado diferentes e não possuem os mesmos objetivos. Entretanto, os dois possuem uma relação de certa dependência e, principalmente, de confiança. Mesmo permitindo que o entrevistado “dê o seu recado” – o que deve acontecer principalmente na entrevista política - o jornalista precisa também entender que só se publica uma informação se ela for importante, verdadeira e de interesse público. Por fim, achei interessante o fato de a autora estabelecer um valor histórico para a entrevista política, com o qual concordo, porém nunca havia pensado a respeito."

Luciane Costa

"Acho interessante citar essa entrevista que a Kate Carew fez com o físico italiano Guglielmo Marconi para o The New York Tribune em 1912 por dois motivos que podem ser relacionados ao texto de Helena Chagas. O primeiro ponto é a necessidade da sedução em uma entrevista: Kate Carew possuía apenas cinco minutos para entrevistar Marconi, porém prendeu a atenção do entrevistado e levou a entrevista de uma forma que ela durou muito mais do que o planejado.

As perguntas em si não possuem nada de brilhante (por isso até nem as reproduzi aqui). São relacionadas à rotina do cientista, suas inspirações e os resultados de seu trabalho. O que chama atenção, porém, é como Kate Carew criou o contexto para entrevista. Um assunto a princípio tão pouco interessante rendeu um ótimo texto, capaz de conquistar o leitor até o final. Ela narra como foi o momento antes do encontro, como pensou as perguntas e de que modo viu seu entrevistado de uma maneira muito natural, sem medo de expor sua indecisão e receio sobre como conseguir as informações necessárias em tão pouco tempo. Além disso, ela constrói o texto usando termos relacionados à física para caracterizar o entrevistado e até mesmo a conversa, como: "Ele começou imediatamente a fazer linhas em ziguezagues, ondas no estilo Marcel – não, quero dizer hertziano.."

Entrevista de Guglielmo Marconi, inventor do telégrafo, a Kate Carew, para o The New York Tribune (14/04/1912)

Se para ser um gênio for preciso apenas ter uma paciência ilimitada, então, asseguro-lhes, meus caros, que o senhor Guglielmo Marconi não é o único a poder escrever OC (as iniciais que designavam o Grande Oficial condecorado pela Coroa Italiana) depois de seu nome ser mencionado em conversas corriqueiras como amigos de reis.

Por três dias – três, ah, muito longos dias – fiquei no jardim de espera da Holland House, comendo e dormindo, a intervalos fixos.

Ao final do terceiro dia, o secretário do senhor Marconi apareceu e me disse:

"Acho que posso conseguir logo a entrevista, mas você precisa me prometer que ela não vai durar mais do que quinze minutos."

Prometi, sem hesitar.

Pouco tempo depois ele retornou.

"Tenho que lhe pedir que não demore mais de dez minutos."

Prometi, hesitando um pouco.

Mais tarde: "Sinto muito, senhorita Carew, mas só posso conceder-lhe cinco minutos com o senhor Marconi. Ele está extremamente ocupado. Prometa-me que não ficará por mais tempo.".

"Oh, olhar para ele", eu sofria, "só uma olhada."

No caminho, o secretário me falou de seu divertimento com o blefe dos americanos que dizem viver sobrecarregados de trabalho. "Pois sim, eles fazem alarde e parecem encontrar tempo para tudo."

Enquanto isso imaginava: "O que posso dizer em cinco minutos?". Então lembrei-me de ter ouvido o trinado de uma jovem que fora apresentada ao senhor Caruso recentemente:

"Oh, senhor Caruso, o senhor canta maravilhosamente."

Pensei em dizer algo parecido como introdução.

"Oh, senhor Marconi, seu telégrafo sem fio é tão interessante."

Ele se curvaria em agradecimento como fez o senhor Caruso e eu poderia acrescentar:

"Ele faz uma grande diferença em nossas vidas domésticas."

Nessa hora o secretário estaria gesticulando pontos e hífens no ar freneticamente, e eu saberia que era a hora de terminar.

Na verdade, eu disse o seguinte, em resposta à minha mágoa:

"Foi um longo tempo, senhor Marconi, mas creio que a minha profissão é como a sua, ela requer muita paciência."

"Sim, certamente. Uma das primeiras coisas que um cientista precisa ter é paciência."

Conectamos nossos fios aos postes de pergunta e resposta e começamos a trocar mensagens.

...

Ainda existe algo da colegial em mim, porque simplesmente ignorei que um homem tão famoso e envolto em ações tão raras, que está mudando as forças elementares para o uso do homem e dando nome e residência a coisas não substanciais, teria uma aparência real – olhos escuros e luminosos, soltando contínuas faíscas, cabelos prematuramente brancos, embranquecidos pelas vigílias noturnas, o corpo, um mero motor humano, carregado de força psíquica, ascético, rarefeito.

...

O secretário passava de uma porta para outra. Ele me lançou um olhar, no qual li que ele me considerava o protótipo correspondente a Bramley. Não me importei. Não queria desconectar enquanto o senhor Marconi continuasse falando. Fingi ignorar a expressão magoada de fé destruída. Ah, esses secretários que sabem que sou uma enganadora. Se eles se reunissem para me julgar, meu estoque de palavra-de-honra não valeria o papel onde foi escrito.

...

Quando a infeliz palavra tempo foi mencionada, o secretário, como um gênio da lâmpada, apareceu de repente. Era fácil perceber que estava fora de seu amistoso limite de alcance. Ele enviou perigosos sinais pelo éter, e o senhor Marconi captou um impulso oscilante referente aos cinco minutos que eu havia prometido não exceder.

Minha mente, perfeitamente sintonizada, captou a freqüência do adeus. Levantei instintivamente e, enquanto apertávamos as mãos, a impressão que tive no início foi seguramente enfatizada, de que todas as coisas boas que os admiradores dizem sobre o senhor Marconi são verdadeiras.

Opiniões e histórias

Pessoal, vou reproduzir a partir deste post os comentários enviados sobre o texto da Helena Chagas, com considerações sobre o material ou contribuições a respeito de situações vividas pelos colegas ou por outros. Podemos trocar idéias sobre na próxima aula.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Para próxima aula (07/11)

n

- Ler o texto; “Decifra-me ou devoro-te, a entrevista política”, de Helena Chagas, no xerox

- Mandar até a próxima quarta (31/10), por mail, uma opinião curta sobre o texto ou um episódio lembrado, para ser publicada no blog.

- Fazer uma entrevista pingue-pongue com uma das fontes levantadas para o trabalho final. Usar o padrão do nosso manual.

Sobre entrevistas

Sugestões minhas de bibliografia sobre entrevistas jornalísticas (todos têm na biblio da Fabico):

ALTMAN, Fabio (org). A arte da entrevista. São Paulo: Boitempo, 2004. - Uma antologia de entrevistas clássicas, desde as primeiras registradas na imprensa mundial, até antológicas como a de Madame Satã para o Pasquim e a de Pedro Collor para a Veja. A do Rudyard Kipling, cuja entrevista é sobre o fato dele se recusar a dar entrevista, é bem interessante.

CRIPPA, Marcos (org). Entrevista e ética. Uma introdução. São Paulo: Educ, 1998 - Livrinho curtinho e bom de ler. Resultado de uma disciplina de entrevista na PUC- SP. Ao final, os estudantes entrevistaram jornalistas sobre entrevistas. Tem o Juca Kfouri, o Luís Nassif, o Boris Casoy e outros. Eu recomento especialmente a entrevista do Dines. Não é uma entrevista. É uma aula em forma de entrevista.

MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista – O diálogo possível. São Paulo: Ática, 1990 - É um clássico do assunto, escrito há quase duas décadas, mas que continua sendo interessante. A autora faz uma ponte com a literatura teórica existente na época sobre Comunicação.

MALCOLM, Janet. O jornalista e o assassino. São Paulo: Companhia das Letras, 1990 - O livro faz uma análise amarga da relação entre jornalistas e seus entrevistados, a partir do caso de um médico condenado pelo assassinato da esposa e das duas filhas que moveu um processo contra um jornalista que escrevera um livro sobre ele, baseado em entrevistas feitas durante o julgamento e na prisão. A partir disto, ela analisa as implicações éticas da relação entre entrevistados e jornalistas.

TALESE, Gay. Como não entrevistar Frank Sinatra. In: ___________. Fama e anonimato. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 508-521. Este é o relato que o Talese faz de como fez o clássico perfil do Frank Sinatra ("Frank Sinatra está resfriado"), publicado originariamente na revista Esquire. Ele conta como entrevista e o que procura na relação com os entrevistados. É ótimo!


quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Mais sobre o trabalho final

@ Data da entrega: 28/11
@ Tamanho: entre 10 mil e 12 mil caracteres com espaço, divididos em duas ou mais retrancas. Anotar o número de caracteres ao final do texto.
@ Além do texto, o trabalho deve ter título, linha de apoio, intertítulos.
@ No mínimo quatro fontes entrevistadas.
@ Respeitar as normas do nosso manual de redação (ver posts de setembro).
@ Não serão aceitos trabalhos em grupo.


@ O trabalho será avaliado a partir dos seguintes critérios: clareza, organização e fluência do texto; respeito à gramática e ao nosso manual de redação; apresentação de informações significativas e escolha adequada de fontes; criatividade; observância das diretrizes acima (tamanho, títulos, número mínimo de fontes).

Para próxima aula, cada um deve trazer dois parágrafos (15 a 20 linhas) com um primeiro levantamento de informações sobre a pauta que escolheu. Além disso, listar 10 possíveis fontes para o trabalho. É para entregar.

Pautas trabalho final

Abaixo, por ordem alfabética, a lista de pautas escolhidas por vocês em aula. É uma lista gigantesca (17 pautas!) e minha opção é não tirar nenhuma, para que vocês tenham alternativas. A coisa funciona assim: cada um escolhe uma e segue em frente. Só que tem de ser desta lista.

O detalhamento das pautas obedece os textos entregues por vocês, com mínimas modificações minhas. Os muito longos eu resumi, mas colocarei a íntegra no xerox. A respeito das pautas cujas explicações não me tenham sido entregues ou enviadas por mail, coloquei apenas o nome e, se havia alguns dados disponíveis. Peço que os grupos responsáveis enviem o detalhamento da pauta para incluirmos aqui, para o meu e-mail.

E a propósito, ótimas pautas, parabéns!

Anorexia nervosa - Descrever os principais sintomas, grupos de risco e faixa etária em que mais freqüentemente a doença ocorre. Salientar que ela pode levar à morte. Dados médicos oficiais em www. ans.gov.br. Muitos especialistas acreditam que a influência da mídia é a principal (mas não a única) causa de transtornos alimentares. Isto porque a mídia comumente (mas não sempre) impõe o estereótipo da magreza como fator importante para o sucesso social, afetivo e econômico. Conversar com, no mínimo, duas adolescentes e coletar dados sobre hábitos alimentares, o que já fizeram para emagrecer, quem são seus modelos de beleza e averiguar de que maneira a mídia influencia seu comportamento. Investigar blogs de anoréxicas. A doença já matou várias modelos, inclusive brasileiras. Entrevistar mães de modelos e obter orientações às mães de meninas que estão iniciando na carreira, para ficarem atentas à alimentação das filhas e entender as causas psicológicas da doença.

Apagão Rodoviário - Atualmente estão muito em evidência os acidentes terrestres e o caos aéreo. Mas, no Brasil, as rodovias sofrem uma situação caótica há muito tempo, o que compromete cargas transportadas e causa acidentes. Dados: Apenas de janeiro a agosto deste ano, ocorreram 82 mil acidentes nas estradas federais, com mais de 4,6 mil mortes. Segundo o IPEA, os acidentes nas rodovias custam R$ 22 bilhões ao Brasil. Enfoque: Como as estradas, em um país no qual cumprem um papel tão importante, ficaram do jeito que estão; por que é tão difícil melhorá-las.

Circuitos de cinema e inclusão social - O gancho é um levantamento sobre consumo cultural no Brasil, que aponta que 60% dos brasileiros nunca foram ao cinema (informação da Luciane). Reportagem sobre Cinema BR em Movimento, RodaCine RGE, Projeto Flô. Entrevista com os responsáveis. De que forma esses projetos promovem a inclusão social? Quais os filmes apresentados? Como foram escolhidos? De onde veio a iniciativa de criar o projeto? Quais os principais objetivos? Qual o retorno esperado?

Cotas na UFRGS - A UFRGS utilizará o sistema de cotas sociais pela primeira vez em 2008, para os seus 69 cursos de graduação. A instituição recebeu, até 4/10, 35.040 inscritos para o concurso, 2,8 mil candidatos a menos do que em 2007. Do total de inscritos, 32,9% optaram pelas cotas. Vieram das escolas públicas 10.178 alunos e 1.357 se declararam negros e tb de escolas públicas. Os outros 23.505 inscritos participarão do processo pela entrada universal. A UFRGS oferece 4.312 vagas, 30% delas para as cotas. A pauta é mostrar como a universidade está se preparando para essa novidade. Entrevistar dois ou três candidatos inscritos por cotas e com dois candidatos não cotistas. Procurar alunos e professores da UFRGS. Questionar sobre a expectativa dos candidatos e sobre o posicionamento dos atuais alunos e dos professores. Poderá haver discriminação na recepção aos egressos? Ver no Decordi se houve candidatos que optaram por não concorrer por cotas.

Criação de suíno light -Consumir carne suína magra é possível. A Embrapa Concórdia/SC desenvolveu um melhoramento genético, o suíno MS 60, que tem como características carne mais magra e com maior percentual de aproveitamento, acima de 60%. Outra característica que contribui para isso é a ausência do gene halotano, responsável pela perda de qualidade da carcaça animal.
O melhoramento genético, associado à criação no sistema ao ar livre, no chamado Siscal, contribui para que a carne seja leve, já que o animal está exposto ao sol e caminha na propriedade. O Assentamento 30 de Maio, em Charqueadas, adotou esse sistema para a criação de suínos e já tem ótimos resultados. A carne suína produzida no Assentamento já é conhecida e bem aceita pela população. A comercialização é realizada no supermercado da cooperativa, em que 25 famílias são associadas. "A carne é de qualidade, light. E o atendimento é muito bom", afirma José Venizelo, fiel consumidor dos produtos da Copac.

Educação à Distância (EAD) - No dia 19, começaram as aulas do curso de graduação tecnológica de planejamento e gestão para o desenvolvimento rural na UFRGS, o Plageder. O projeto engloba 12 pólos no RS (cidades para onde as aulas serão transmitidas via Internet) A Secretaria de Educação à Distância (Sead) da UFRGS promove o desenvolviemnto e a implementação de atividades de EAD. A matéria pretende descobrir o que é EAD, como se processa, quais as universidades no estado que têm, projetos interessantes. Entrevistar o prof. Lovois (coordenador do Plageder), o coordenador do Sead/UFRGS, dois estudantes que participam de algum projeto, professor que já deu aula em curso de EAD.

Entender a Bienal ? - A Bienal do Mercosul acontece em Porto Alegre há 12 anos e é tida como um grande evento artístico, que busca democratizar a expressão artística e popularizar a arte; a entrada é gratuita e os locais de exposição (Armazéns do Cais do Porto, Margs e Santander Cultural) são conhecidos e de fácil acesso. Neste ano, ela está em sua 6ª edição e disponibiliza, até 18 de novembro, uma série de obras. No entanto, é fácil encontrar, na saída dos locais de exposição, pessoas reclamando das obras, dizendo que não dá para entender o que tal artista quis passar ou afirmando "isso até eu posso fazer". A pauta é mostrar estas pessoas, que não se inserem no processo de democratização da arte. Falar com visitantes da Bienal, com os mediadores (ver como eles reagem a comentários do público e o que eles ouvem), com artistas sobre o significado de suas obras. Ver site da Bienal: www.bienalmercosul.art.br.

Experiências estudantis no Exterior
- Experiências de estudo e de trabalho. Quais os motivos principais que levam jovens a viver a cultura no Exterior? Pode-se aproveitar o gancho da estudante Lucinéia de Lima, de Blumenau, encontrada morta em seu apartamento em Londres. Apontar benefícios e prejuízos (problemas) desta experiência. Sugestão de fontes: Paulo Vizentini (prof. de Relações Internacionais da UFRGS), estudantes que foram ao Exterior, suas mães e pais, agências de viagens. O pessoal do consulado italiano talvez tenha dados sobre isso, porque é grande o número de jovens descendentes de italianos que vão para a Europa, com passaporte.

Extensão do Trensurb - Impactos da proposta de extensão do Trensub até Novo Hamburgo e da criação da linha 2, que terá uma parte subterrânea e sairá do mercado público até depois do campus do vale da UFRGS. Falar no impacto ambiental e econômico ( a passagem de Trensurb custa 1,50). Impacto disso no trânsito do centro da cidade.Vantagens e possíveis desvantagens. falar com donos/diretores de empresas de ônibus pra saber o que eles acham. Falar com pessoas da Secretaria Municipal dos Transportes (SMT), Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV) e Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM).

Feira do Livro dentro e fora - O que significa a Feira do Livro em termos de comércio, turismo (visitantes do interior), alimentação, moradores, excursões (colégios, visitas a Porto Alegre), moradores de rua. Falar com um representante de cada. As crianças que vão à feira e seu contato com a leitura/literatura. As atividades da feira. Falar com pais, professores, crianças, psicólogos.

Neonazismo no RS - (Grupo: mandar pauta)

O Oscar e o cinema brasileiro - O filme "O ano em que meus pais saíram de férias" foi escolhido para representar o Brasil no Oscar 2008 e voltou aos circuitos de exibição. O Oscar é considerado a grande festa do cinema mundial, mas é uma premiação americana. O que representa o este prêmio para o cinema brasileiro? Abordar a história do Brasil no Oscar, quais foram os filmes indicados, de que esta indicação influencia na visão do público sobre o filme. Falar com alguém que envolveu-se em alguma dessas produções indicadas para verificar se o Oscar muda ou não a repercussão de um filme. Falar com especialista na área de cinema e com pessoas que estão indo assistir "O ano em que meus pais saíram de férias" agora, depois da indicação ao Oscar.

Parque industrial da Restinga - O Parque Industrial da Restinga foi um projeto instaurado pela prefeitura há cerca de 12 anos, no qual foi investido muito dinheiro e que a sociedade acabou por esquecer, já que nenhum governo deu a importância devida para o projeto. Portanto, de fato ele nunca saiu completamente do papel. Mas, segunda-feira, 16, o prefeito Fogaça, em discussão na Câmara, citou o PIR como iniciativa de geração de emprego e renda. Qual é a situação atual do PIR? Como ele veio se desenvolvendo (ou subdesenvolvendo) ao longo do tempo? O que ele trouxe para os moradores da Restinga?

Pirataria 1 - A polêmica sobre a pirataria em relação ao filme Tropa de Elite ajudou ou prejudicou a bilheteria do longa? O filme teve milhares de cópias pirateadas antes mesmo de estrear. Os produtores e distribuidores adiantaram em uma semana a estréia para que o prejuízo não fosse maior. A polêmica, no entanto, fez certa propaganda para o filme, que acabou conhecido e falado por todo o país (atenção, não só por isto!) Agora em cartaz, já levou cerca de 700 mil espectadores aos cinemas e lidera bilheterias. Sugestão de fontes: crítico de cinema, público, diretor do filme.

Pirataria 2 - A banda de rock Radiohead via disponibilizar o disco In Rainbows no seu site oficial. Cada fã paga apenas o que quiser para ter as músicas do novo disco. A partir deste gancho, vamos ver novas estratégias de divulgação de trabalhos via Internet e novas estratégias no mundo do download de MP3 e de pirataria. Discutir a questão da propriedade intelectual. O que outras bandas acham da iniciativa? Iniciativas inovadoras de bandas gaúchas (Fresno - eleita banda revelação no VMB deste ano - iniciou sua divulgação de graça via Internet). Dar ênfase a depoimentos dessas bandas, discutir o tema pirataria (qual a opinião delas), o que mudou no mercado da música com a Internet. Pirataria e queda global das vendas de discos. Visão dos donos de gravadoras. Discutir os números do mercado mundial de discos, desafios e oportunidades. O que o público acha da iniciativa? Quem baixou na Internet vai comprar o CD na loja? Números do CD (quantas pessoas baixaram pela Internet, preço médio pago, maior preço pago).

Projeto Pescar - O projeto Pescar é uma rede que funciona como franquia social: as empresas franqueadas pela fundação abrem espaço para a formação pessoal e profissional de adolescentes de baixa renda. O projeto foi idealizado em 1976 pelo empresário gaúcho Geraldo Tollens Linck, fundador e então presidente da Linck, revenda de máquinas e equipamentos rodoviários. A abordagem proposta é salientar a importância de iniciativas construtivas para a comunidade. Entrevistar a diretora da Fundação, Rose Marie Vieira Motta Linck, um empresário participante da franquia, um jovem inscrito no programa.

Vandalismo - O gancho para a pauta é o desaparecimento de parte da estátua de Drummond na Praça da Alfândega. A escultura, de Xico Stockinger, foi inaugurada em outubro de 2001, encomendada pela Câmera Riograndense do Livro para a 47ª Feira do Livro. A matéria deve enfocar os seguintes pontos: depredação para vender o cobre, outros vários monumentos depredados, disque-denúncia para pixação, uso de tinta que facilita a remoção da pixação, placas criativas para que os pixadores não sujem aquelas paredes. A abordagem: falar sobre vandalismo, a falta de respeito, as várias formas de vandalismo e a reação da população e das autoridades. Entrevistar: Enézio Klippel (chefe de investigação da 17ª DP, responsável pelo policiamento na região onde está a estátua de Drumond), Briane Bicca (coordenadora do Projeto Monumenta Porto Alegre), pessoas que já tiveram suas casas depredadas, pixadores.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Para aula do dia 17

Na próxima aula, dia 17 (na quarta, 10, é tudo com o Mario Rocha), vamos trabalhar com as pautas feitas por vocês.

Cada um tem como tarefa elaborar cinco pautas sobre assuntos atuais, lembrando dos elementos necessários vistos em aula:
- contextualização
- levantamento de dados mais recentes
- dúvidas e curiosidades essenciais sobre o tema
- angulação (o enfoque sob o qual pretende-se abordar o assunto)
- tamanho, previsão de retrancas (arquivos) relacionadas

Lembrem-se que eventos como seminários, congressos, Semana da Água, da Primavera, do Idoso etc devem geralmente ter um gancho - ou seja, uma informação capaz de atrair a atenção do leitor para aquele acontecimento. É muito fraco prever apenas a cobertura de um evento por si só. É preciso bolar uma forma de deixar o assunto mais próximo do leitor.
Ou seja: como fazer alguém se interessar MUITO pela Semana da Água?

Qual as dúvidas que eu tenho sobre um determinado fato e como posso transformá-las em notícia?

O pauteiro deve deixar-se guiar pela curiosidade e pela criatividade. A segunda etapa é pensar como tornar factível a pauta.

São CINCO pautas para cada um. Na aula do dia 17 tentaremos escolher as mais desafiadoras e pertinentes para nos guiar nos trabalhos finais (portanto, lembrem-se de prever pautas capazes de continuar interessantes até novembro).

Tenho certeza que vocês não pensariam nisso, mas não custa avisar: não adianta prever bobagens pensando em simplificar a própria vida ou o trabalho final. O aprendizado na disciplina exige esforço e dedicação, e o trabalho final estará integrado, de qualquer forma, a estas diretrizes, até porque lapidaremos juntos estas pautas até chegar às propostas definitivas.

Bom feriado!

sábado, 29 de setembro de 2007

Nosso manual- 4

NÚMEROS

- De zero a dez, grafar por extenso: um, dois, três etc.

- Cem e mil, grafar por extenso.

- Utilizar algarismos a partir do 11.

- Em grandezas maiores, grafar algarismo + extenso. Ex.: 5 bilhões, 2,5 mil.

- Com números quebrados, usar ponto, e se possível, arredondar. Ex.: 2.525. 498 ou 2,5 milhões.

- A exceção às regras anteriores ocorre com números seguido por símbolos. Ex.: 5%, 4ºC.

sábado, 22 de setembro de 2007

Nosso manual - 3

MAIÚSCULA e MINÚSCULA

* Usa-se letra maiúscula para designar períodos, episódios, momentos históricos (Guerra dos Cem Anos, Renascimento), festas e datas religiosas e comemorações cívicas (Quarta-feira de Cinzas, Domingo de Ramos).

* A segunda referência aparece no texto com letras minúsculas (usa-se ministério se o termo Ministério da Educação, por exemplo, estiver citado anteriormente no texto).

* Usam-se minúsculas para dias da semana (sexta-feira, sábado), títulos, cargos e profissões (professor, ministro).

* Em citação direta, usa-se letra maiúscula, inclusive depois de dois pontos (O professor resmungou: "A aula acabou").

Regras enviadas pela Mariana Sirena. Falta só um grupo.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Nosso manual - 2

HORÁRIOS:

- Abreviar hora por "h" e não grafar minutos.
Ex: "O incidente ocorreu às 11h43. A primeira pessoa chegou às 16h."

- Para duração de um evento, escrever horas por extenso
Ex: "A reunião começou às 14h e durou duas horas."

- Não usar "da tarde", "da manhã" ou "da madrugada".
Ex: "O avião chegou às 14h" e não "O avião chegou às 2h da tarde".

- Quando o fato ocorreu fora do horário padrão (de Brasília) utilizar
a hora correspondente entre parênteses e indicação.
Ex: "A guerra começou às 2h30 de hoje em Bagdá (21h30 de ontem em Brasília)."

Regras enviadas pela Fabiane. Aguardo os dois grupos restantes!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Nosso manual - 1

SIGLAS

TUDO MAIÚSCULO
  • Siglas com até três letras. Ex: ONU, FMI, CIA.
  • Siglas com mais de três letras, nas quais cada letra precise ser lida separadamente. Ex.: FGTS, INSS.
SOMENTE A INICIAL EM MAIÚSCULA
  • Siglas com mais de três letras que formem uma palavra. Ex.: Unesco, Banespa, Fabico.
"ABRIR" A SIGLA
  • Na primeira vez em que a sigla aparece no texto, se coloca, logo depois dela e entre parênteses, o seu "significado" (em jargão de redação, diz-se: "abrir" a sigla).
As regras foram enviadas pela Amanda e complementadas por mim, a partir do que conversamos em aula.

Aguardo os itens dos outros três grupos.

Dica de site

Amanda manda esta dica ótima, de um site com capas de jornais de todas as partes do mundo, atualizados diariamente. Confiram!

http://www.newseum.org/todaysfrontpages/flash/

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Aula de 12/09

Hoje conversarmos sobre alguns preceitos básicos de um bom texto jornalístico. Também discutimos o desenvolvimento da matéria.

Para a próxima aula, sugeri como leitura complementar parte do livro do Noblat (A arte de fazer um jornal diário), da página 77 a 87, onde justamente ele aborda "a arte de escrever", dando dicas sobre clareza, imaginação, riqueza vocabular, ordem direta, simplicidade.

Para colocar um pouco em prática o que a gente observou a respeito do desenvolvimento dos textos, a partir da análise das duas matérias sobre o impeachment e da outra sobre os Mamonas, pedi que fosse feito uma reportagem para a próxima aula, sobre qualquer evento do Acampamento Farroupilha. O texto deve ter uma página e conter, no mínimo, uma fonte (entrevistada). Podem escolher qualquer evento (a programação completa está em http://www2.portoalegre.rs.gov.br/acampamentofarroupilha/default.php, onde também há outros dados que podem ser úteis).

Na próxima aula, começaremos a trabalhar com manuais de redação. Pedi então que cada um busque em um manual de redação disponível na biblioteca a forma como os jornais grafam os seguintes elementos:
SIGLAS (tarefa da Aline, Amanda, Bruna, Cícero, Clarissa e Cristina)
HORÁRIOS (tarefa do Diego, Fabiane, Guilherme, Isabel, Jaqueline e João Vitor)
MAIÚSCULAS/MINÚSCULAS (tarefa da Juliana, Laura, Luciane, Maria Elisa, Mariana B. e Mariana S.)
NÚMEROS (tarefa do Rodolfo, Samantha, Veronica, Elisabete e Janaina)
O trabalho é individual. Podem copiar ou só tirar uma fotocópia da página correspondente. Não é para entregar, mas para a gente discutir em aula. Peço que não tirem o livro da biblioteca, pois há poucos exemplares e isto prejudicará outros colegas.

domingo, 2 de setembro de 2007

Novos bons lides

Nunca na história deste Universo se viu um buraco tão grande. Astrofísicos americanos descobriram um rombo de nada menos que 1 bilhão de anos-luz de diâmetro no tecido do cosmo. Ali não há galáxias, estrelas, gás ou poeira. Nem mesmo a misteriosa matéria escura foi encontrada por lá.
Reportagem da FOLHA DE SÃO PAULO, 25/08/07, 'Astrônomos detectam grande "rombo" no cosmo'. Sugestão da Maria Elisa Lisboa.

A escuridão só não é absoluta porque um pequeno fogareiro está aceso para aquecer a comida. Contando apenas com o tato, o cozinheiro Bohari prepara o jantar. Praticamente ao relento, ele enfrenta, além da falta de luz, o vento incessante que arremessa os finíssimos grãos de areia do Saara contra tudo e contra todos. Bohari é um tuaregue. Filho e neto de nômades, ele trabalha há 36 anos como cozinheiro em expedições de aventureiros que querem conhecer o deserto. Durante dez noites, acompanho sua habilidade em manejar ingredientes, panelas e pratos. De repente, viro para ele e observo: "O deserto não é para as mulheres." Brigando com o lenço que insiste em sair do lugar, descobrir seu rosto e mostrar seu sorriso desdentado, Bohari discorda e responde: "Você está enganada. As mulheres são leves e, como gazelas, parecem voar por essa imensidão. São fortes. É preciso ser forte e corajoso para enfrentar o deserto. As mulheres são assim.
Reportagem Vozes do Deserto, publicada na Marie Claire - agosto de 2007
Sugestão da Elisabete Dala Lana ("Escolhi este lide porque despertou minha curiosidade. Além disso não começa de uma forma convencional e sim com a história de vida de uma pessoa").

Nunca se sabe quando e como as crises financeiras terminam, mas é bem fácil apontar o momento em que as coisas começam a piorar de modo incontrolável. O start das turbulências econômicas pode ser identificado, de uma forma empírica, pela quantidade e intensidade das declarações de otimismo e de mensagens tranquilizadoras emitidas dos gabinetes de autoridades e das mesas de operação dos executivos dos grandes bancos.
Reportagem O RESCALDO NA PERIFERIA - Brasil: Os discursos são otimistas, mas a crise pode trazer prejuízos graves ao país/Carta Capital
Sugestão do Diego Difini ("me chamou a atenção por apresentar a matéria usando de ironia ao mostrar a oposição entre as afirmações oficiais e a atual crise. Além disso, apresenta todo o tema da matéria a partir de um único ponto").

Mal cheguei à redação da revista Senhora, dia 14 de agosto de 1987, e veio a notícia: Cláudio morreu. Tomava café da manhã enquanto lia o jornal, e a cabeça reclinou-se lentamente sobre a mesa, como em um gesto meditado de desalento. Faz vinte anos, e a memória mantém intacto o dia aziago. Péssimo para a família, muito unida em torno dele. Paa os amigos, mais numerosos do que se imaginava. Para os leitores e para a imprensa brasileira. Para o Brasil todo, mesmo que não se desse conta disso. E para mim, que tinha nele um irmão, mais velho e mais sábio, sem pieguismo e sem retórica.
Sugestão da Amanda ("a Carta Capital não costuma trazer um lide destacado, mas nessa matéria de Mino Carta sobre a morte de Cláudio Abramo, essa primeira parte está bem diferente do resto do texto, e me pareceu uma introdução bem interessante. Ainda mais com o autor falando em primeira pessoa, o que dá uma intimidade maior, explicitando que tudo isso é da memória do próprio jornalista que escreve").

Sentado na primeira fila de bancos do santuário Dom Bosco, em Brasília, o presidente eleito Tancredo Neves fechou os olhos, baixou a cabeça e levou a mão esquerda à testa, cobrindo o cenho carregado. Parecia o gesto típico de um devotado católico, porém, os que estavam mais próximos a ele perceberam que, por várias vezes, mostrando desconforto, Tancredo levara a mão direita à barriga por cima do paletó escuro, num disfarçado gesto de dor. Os mais atentos poderiam ter notado, ainda, a dificuldade com que levantara, minutos antes, para subir alguns degraus e ler uma passagem da Bíblia.
Outra sugestão da Amanda ("um lide da revista "Aventuras na História", de um texto sobre a morte de Tancredo Neves. É interessante por fazer uma descrição quase literária do momento em que o "quase-presidente" se sentiu mal, o que foge bastante dos lides comuns. Quase todas as matérias dessa revista têm lides assim, incomuns e interessantes").

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

As pautas da Expointer

PAUTAS EXPOINTER

Escolher uma das pautas abaixo, apurar e elaborar um texto jornalístico. Tamanho: 3.000 caracteres com espaço (clicar em Ferramentas – contar palavras). Isso dá mais ou menos uma página de texto. Para o dia 5 de setembro. TRAZER IMPRESSO, POIS VAMOS DISCUTIR OS TEXTOS EM AULA.

O site da Expointer (http://www.expointer.rs.gov.br) é muito completo e tem informações que podem ajudar muito o trabalho.


1) COBERTURA DE IMPRENSA – Como os órgãos de comunicação estão estruturados para cobrir a Expointer? Quantas sedes de veículos (Casa RBS, Casa Correio do Povo, etc) estão montadas na feira? Qual é a maior? Qual a estrutura de cada uma (computadores, estúdio de TV, rádio)? Quantos profissionais? Ouvir pelo menos dois jornalistas (que não sejam estreantes na cobertura da feira) que possam estabelecer um comparativo com os anos anteriores. Garimpar boas histórias de coberturas com as fontes. O texto pode abrir por um dado interessante, uma novidade, uma boa história ou outro gancho que aparecer.

2) VENDA DE ANIMAIS – Como estão os números referentes às vendas de animais da Expointer? Qual a estimativa inicial de faturamento? Está acima ou abaixo? Quais os animais mais vendidos? Quais os mais caros? Como é o volume de vendas e de faturamento da Expointer em relação a outras feiras internacionais do setor, do Brasil e do cone sul? Falar com um leiloeiro que possa dar estes comparativos e com algum proprietário de cabanha que tenha vendido bastante.

3) GRANDE CAMPEÃO – Os animais da Expointer são submetidos a concursos nos quais são escolhidos os campeões e o Grande Campeão da cada raça. Achar um Grande Campeão (qualquer raça) e entrevistar o proprietário e o tratador. Qual a trajetória que o animal tem de desempenho em outros concursos? Idade? Valor? Tem crias? Quanto valem? Cuidados a que é submetido? Procurar um gancho (aspecto interessante/importante) para abrir a matéria, como por exemplo, alguma negociação recente do animal ou a história de sua participação nesta Expointer, por exemplo.

4) VISITANTES – Qual a expectativa de público que visitará a Expointer este ano? O número deve se confirmar? Em relação a edições anteriores, há crescimento ou não? Quais as melhorias/dificuldades que os visitantes encontram? Estacionamento? Banheiros? Capacidade do Trensurb? Entrevistar alguém da organização da feira e pelo menos um visitante.

5) AGRICULTURA FAMILIAR – A Expointer tem um espaço para a Feira de Agricultura Familiar, que divulga e comercializa produtos da culinária colonial gaúcha, como pães, chimias, doces, salames, queijos, conservas e outros. No pavilhão, também são dados cursos de culinária de agroindústrias artesanais, como queijo, iogurtes, lingüiças e conservas. Levantar o número total de vendas da feira e compará-la com a estimativa prevista e com o movimento do ano anterior. Entrevistar ao menos dois expositores. Descrever produtos.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Mais bons lides

Pense. Em qualquer coisa. Numa casa, por exemplo. Imagine-se pintadade branco, com janelas azuis e cercada por um terraço com escadas quelevam ao jardim. Ali estão margaridas, girassóis e uma árvorefrondosa. Nos 10 segundos que você levou para chegar até aqui, umaavalanche de sinais nervosos ocorreu no seu cérebro. No córtex (camadaperiférica dos hemisférios cerebrais), milhares de neurônios foram acionados e trocaram informações em frações de segundos. Arquivos dememória foram vasculhados e, sem que você pudesse controlar ou prever,a imagem de uma casa surgiu em sua mente. Por isso, você deve tersentido um bem-estar, uma vontade de possuir essa casa de verdade.
Reportagem "Pensamento positivo", publicada na Revista Super Interessante – agosto de 2007. Sugerida pela Fabiane Maldaner Bulawski ("eu achei legal esse LIDE porque ele fugiu daquele início que se costuma dar neste tipo de assunto, já falando que pensamento positivo funciona sim ou então como ele funciona. O texto inicia convidando o leitor, com frases curtas, como que invocando ele a participar da reportagem e, mesmo assim, consegue chegar à explicação do como ocorre e terminar com a casa").

Onze recém-nascidos morreram em decorrência de infecções bacterianas na UTI da Maternidade Hildete Falcão Batista, em Aracaju (SE), nos últimos cinco dias. O caso é investigado, mas a Secretaria Estadual de Saúde, que administra a unidade, afasta a hipótese de que haja um surto de infecção hospitalar.
Sugestão da Juliana Campani ("esse lide me chamou atenção principalmente porque fiquei chocada com a informação de que a Secretaria de Saúde me pareceu desinteressada no caso, e fui levada a ler toda a notícia. Encontrei na Folha Online").

Parabéns a quem participou! Vocês fizeram ótimas escolhas! Vamos conversar melhor sobre na quarta. Abraço, Clarice.

domingo, 26 de agosto de 2007

Bons lides sugeridos pela turma

Pessoal, estou reproduzindo abaixo as sugestões de bons lides enviados pela turma até a noite de domingo para o meu e-mail. Confiram e vejam se vocês concordam ou não com os colegas. Vamos conversar sobre isto na quarta.

Peço que quem não enviou sua sugestão ainda o faça até amanhã (segunda) de noite, ok?Lá vai:

Uma nota de US$ 100 e muito sangue frio. É o que teria bastado para que Kelly Samara Carvalho dos Santos, de 19 anos, presa na quarta-feira (22) em São Paulo, conseguisse levar cerca de R$ 30 mil de uma idosa paraguaia em Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, em mais um de seus golpes, em março deste ano. "Ela é tão bonita, parecia tão nobre", contou ao G1 Eufrázia Torres, de 75 anos. (http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL92590-5605,00.html )
Sugestão da Mariana Benevit ("O que chama a atenção é a primeira frase, que parece destoar um pouco do texto jornalístico seco, meramente informativo").

A torcida do Internacional cunca esteve tão à vontade como no jogo final do Campeonato Gaúcho de 1984. Tomou conta do Estádio Olímpico, festejou o resultado que manteve a invencibilidade do tetracampeonato nos clássicos do ano (quatro jogos, três vitórias e um empate) e ainda botou no campo, no final do jogo, um Papai Noel magricela, todo de vermelhor, que ficou provocando, sozinho, a desanimada minoria gremista.
Revista Placar, 1991. Sugestão da Clarissa Londero ("Eu selecionei esse como um bom lide porque atrai bem o público que estaria lendo a revista. como é uma edição especial para a torcida colorada (o nome dessa edição é: As maiores torcidas do Brasil - Internacional), só leriam a revista os torcedores do inter, ou simpatizantes do clube. Assim, quando começa falando de o colorado ter tomado conta do olímpico, logo os torcedores ficariam empolgados com o que viria a seguir. Além disso, leva ao leitor alguns dados das conquistas passadas do inter: "tetracampeonato" e "quatro jogos, três vitórias e um empate". E por fim, faz menção a um fato curioso e que só quem esteve presente no jogo é que lembraria: o Papai Noel provocando os gremistas).

Os fantasmas de Pisco perambulam pela Praça das Armas enrolados em cobertores até as cabeças. Nos rostos usam máscaras cirúrgicas. Muitos usam bonés.
A uma primeira olhada, eles não têm idade definida. O sofrimento dos últimos dias lhes tirou os traços da juventude. Meninos viraram homens da tarde de quarta-feira para a manhã de quinta. Jovens como Leila Véllez, 15 anos, tornaram-se mulheres, mais amadurecidas pela dureza da morte."

Zero Hora - Domingo - 19/08. Reportagem: "Uma noite na cidade em ruínas"

- Tu também é fã? - me pergunta o funcionário da locadora, ao ver que levaria alguns DVDs do Elvis.
- Eu gosto bastante, mas não sou uma fããã. É para escrever um negócio - eu explico sem ele ter perguntado.
- Uma resenha? - sonda
- Na verdade, uma matéria. Conhece a Noize?
- Claro que conheço - diz o jovem.
- Pois é, vou fazer uma matéria sobre os 30 anos da morte.
O clima amistoso muda, ele faz uma cara estranha, braba.
- Morte não, né?
- Ah, não? - já começava a rir e gostar daquele papo.
- Não! Sou daqueles fãs que não acreditam nisso. - comenta ele, extremamente confiante
- Você acha que ele está numa ilha? - tento entrar na viagem e, é claro, exponho a minha.
- Não numa ilha - usa a razão - mas ele não morreu, só desapareceu - perde a razão.
- Boa!
Revista Noize - Agosto de 2007. Reportagem: "Bye,Bye, Elvis Presley - 30 anos sem o Rei"
As duas acima são sugestões da Luciane Costa.

Desde a invasão do Iraque pelas tropas americanas, em março de 2003, nenhuma ação terrorista matou tantas pessoas no país quanto o megaatentado múltiplo contra integrantes da comunidade religiosa Yazidi, na terça-feira.
Zero Hora, 16 de agosto de 2007. Reportagem: “Número de mortos no Iraque pode chegar a 500”. Sugestão da Cristina de Azeredo Tworkowski.

Quando assumiu o Ministério das Comunicações (MiniCom), em janeiro de 2003, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) declarou à Folha de S. Paulo que iria abrir a "caixa-preta" da radiodifusão divulgando, pela internet, o cadastro com os nomes dos sócios das emissoras de rádio e de televisão do país (cf. "Lista de nomes de donos de rádios e TVs estará na internet, diz ministro", Folha de S. Paulo, 5/01/03).
A promessa tornou-se realidade onze meses depois, em novembro de 2003. De fato, o cadastro das entidades concessionárias de radiodifusão passou a estar disponível no URL http://www.mc.gov.br/rtv/licitacao/ACIONISTAS.pdf (hoje uma página desativada).

Publicado no Observatório da Imprensa. Sugestão da Samantha Klein.

O Ministério Público e a prefeitura de Uberlândia deflagraram uma campanha na cidade do Triângulo Mineiro para combater os "falsos mendigos". Nos últimos quatro meses, aproximadamente 250 pedintes que perambulavam pelas ruas do município foram recolhidos e levados para a delegacia, onde preenchem um cadastro. Conforme o MP, pelo menos 32 pessoas já foram acusadas de "mendicância profissional", como definiu o promotor de Justiça Marco Aurélio Nogueira, um dos idealizadores da campanha.
Publicado no Site G1. Sugestão da Bruna Amaral.

O ônibus que leva os moradores do bairro Brasileirinho até o terminal que permite acesso a diferentes pontos de Manaus só passa de hora em hora. E pode demorar mais por causa da castigada estrada de terra que sacode sem dó a carcaça e as entranhas do coletivo. São cerca de dez minutos a pé do ramal 8 do Brasileirinho, onde vivem 16 famílias do povo Kokama, até o ponto de ônibus. Faço o trajeto acompanhada de uma liderança Kokama, Sebastião, e de sua esposa. Quando chegamos à parada, o dono do bar em frente, solícito, avisa que o ônibus acabou de passar. O próximo demora?, pergunto. Demora. Sentamos. A esposa de Sebastião, calada até então, senta e abre seu caderno para estudar o idioma Kokama, que ela não aprendeu quando criança.
Sugestão da Mariana Sirena: "Envio um lide de uma reportagem que eu encontrei no site "Repórter Brasil", que eu achei muito interessante. Trata-se de uma reportagem grande sobre a situação dos índios na cidade de Manaus, feita por Priscila de Carvalho. (...) Gostei porque ela começou a matéria já com as impressões do local. Na sequência ela introduz o tema central, que é a migração dos índios da Amazônia em direção à cidade de Manaus. Ela não responde as perguntas básicas (quem, quando, como,...), mas prende a atenção por destacar o 'onde', o contexto. Gostei da reportagem".

Que valores você acha que a Igreja Católica deve manter e o que ela poderia mudar? Entre os dias 20 e 23 de setembro, os católicos gaúchos serão convidados a responder a perguntas como essas, ajudando a repensar as formas de evangelização.
Sugestão da Amanda Jansson: "Este foi um lide que eu li ontem na Zero Hora e achei interessante, me fez continuar a ler toda a matéria".

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Bons lides, segundo a Wikipédia

É sempre bom ter um pé atrás com a Wikipédia, mas não dá para desprezar a contribuição que ela eventualmente nos traz. No verbete lead (eu prefiro lide, mas é questão de gosto), há 20 exemplos de bons lides. Confiram alguns:

Um dos cinco homens presos na madrugada de sábado na tentativa de instalar escutas no quartel-general do Comitê Nacional Democrata é o coordenador de segurança assalariado do comitê pela reeleição do presidente Nixon. O suspeito, o ex-funcionário da CIA James W. McCord Jr., 53 anos, também tem um contrato à parte para prestar serviços de segurança para o Comitê Nacional Democrata, afirmou ontem o presidente nacional do Partido Republicano, Bob Dole. O ex-advogado-geral da União John N. Mitchell, chefe do Comitê pela Reeleição do Presidente, disse ontem que McCord foi contratado para ajudar a instalar o sistema de segurança do próprio comitê. Em declaração distribuída em Los Angeles, Mitchell disse que McCord e os outros quatro presos no comitê Democrata no sábado ‘não operavam nem em nosso nome e nem com nosso consentimento’ na suposta tentativa de escuta. (Carl Bernstein e Bob Woodward. “GOP Security Aide Among Five Arrested in Bugging Affair”. Washington Post, 19.jun.1972)

’Alfa, Hotel e Eco’ - três números da linguagem cifrada usada pela polícia e transmitidos em código a todos os pontos da cidade - revelaram ontem, às 19h30, a existência de 185 mortos em conseqüência do mais trágico incêndio já ocorrido em São Paulo. A essa hora, grande parte do efetivo de 1.450 homens do Corpo de Bombeiros e 2 mil guardas de trânsito ainda estavam mobilizados para o rescaldo do antes imponente edifício Joelma, localizado no número 225 da avenida 9 de Julho, na praça da Bandeira, e orientando milhares de motoristas que, com seus carros, tentavam passar nas proximidades daquele local. Enquanto isso, no Instituto Médico Legal, apenas 25 dos 185 corpos para lá levados tinham sido identificados; e o número de feridos, encaminhados aos diversos hospitais públicos ou particulares, quase chegava a 250. (“Nas Cinzas do Joelma, 185 mortos”. Folha de S.Paulo, 2.fev.1974)

A cada quinze minutos, mais ou menos, uma bala desce gritando e explode nesta cidade cercada, e outra meia dúzia de pessoas é morta ou ferida. Acontece dia e noite. As paredes da enfermaria militar e do hospital civil estão pegajosas de sangue. Há muito tempo acabaram os analgésicos. Os corpos estão em todo lugar - alguns semiconscientes gritam de dor, outros com feridas abertas não sobreviverão. Alguns morreram e, no caos, jazem deitados sem ninguém para cobri-los ou removê-los. (Sydney H. Schanberg, “In a Besieged Cambodian City, Hunger, Death and the Whimpering of Children”. New York Times, 16.jan.1975)

Para os clientes do banco, o caixa Maurício era muito atencioso. Na turma do futebol, o mais animado, sempre disposto a dar carona aos amigos, lavar as camisetas do time, carregar a bola. Tinha um bom emprego e estava bem de vida. Segundo quase todo mundo que o conhecia, o paranaense Maurício Meyer, 34 anos, era um sujeito sério, bom filho, marido fiel, excelente pai. E, graças a esse perfil, ganhou apenas um peteleco do Tribunal do Júri de Curitiba por matar a mulher a marteladas, na manhã do dia 13 de abril de 1999, e depois queimar o cadáver numa churrasqueira. (Renan Antunes de Oliveira, “Matou a Mulher e Queimou o Corpo na Churrasqueira”. Uma, agosto de 2001)

Na noite do sábado 17 de abril, um corpo de aparência incomum foi levado pela polícia ao necrotério da Avenida Ipiranga. Tinha duas protuberâncias esquisitas na testa. O médico-legista abriu o couro cabeludo, abaixou a pele até o nariz e se deparou com algo muito raro: dois chifres implantados na carne, feitos de silicone. Cada um era quase do tamanho do chocolate Prestígio. O cadáver estava todinho tatuado. Trazia argolas de metal nos genitais, mamilos, lábios, nariz e nas orelhas - e estas tinham orifícios da largura de um dedo. De entre os chifres saíam três pinos metálicos pontiagudos. A língua fora alterada: cortada ao meio e já cicatrizada, parecia a de um lagarto. É claro que Felipe Augusto Klein, morto aos 20 anos, nem sempre teve uma aparência assim. Nasceu uma criança saudável. Era o caçula dos cinco filhos do casal Lili e Odacir - o pai é um político influente, quatro vezes deputado federal, ministro de FHC e atual secretário estadual da Agricultura. (Renan Antunes de Oliveira, “Ninguém socorreu Felipe Klein”. Já Porto Alegre, julho de 2004)

Para aula de 29/08

Na aula de hoje (22/08), falamos sobre lide. Pedi para vocês escreverem o lide e o segundo parágrafo de uma notícia baseada nas informações do post abaixo. Quem não conseguiu terminar em aula, por favor me envie por e-mail (o endereço está no programa da disciplina).

Para aula que vem (29/08):

1 - Deixei um texto do Noblat no xerox no qual ele fala sobre formas criativas de fazer lides. Leiam para a gente conversar sobre.

2 - Peço que me enviem por e-mail um lide de jornal, revista ou site informativo que vocês considerem bom e que tenha feito vocês lerem a matéria corespondente.

3 - Peço também que façam (para entregar) uma notícia com 3 parágrafos (lide + 2) sobre a abertura da Expointer, no dia 25. Busquem o material no site do evento http://www.expointer.rs.gov.br/2007/.

Nossa escala de apresentações rápidas, até dia 26/09, ficou assim:
29/08 - Maria Elisa, Luciane
05/09 - Fabiane, Amanda
12/09 - Bruna, Cicero
19/09 - Aline, Elisabeth

Isso. Qualquer coisa, entrem em contato.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Exercício - LIDE

Os dados abaixo se referem a um acontecimento fictício ocorrido, supostamente, no dia 22 de agosto em Porto Alegre.

Boletim da Brigada Militar:
"A viatura 3436 foi deslocada às 10h para o Edifício Luar do Sertão, na Avenida Bento Gonçalves, atendendo chamada de moradores do referido local. No apartamento 2 do prédio, o soldado Luís Cunha e o cabo Fernando Duarte localizaram o corpo de Samuel Rodrigues, vítima de disparo de arma de fogo. O corpo estava estendido sobre a cama de casal, que estava desmontada. Junto à vítima, os agentes observaram um revólver calibre 38. A esposa da vítima, Dorialva Rodrigues e o contabilista Josué Veríssimo, estavam no local. Os dois foram levados para a 2ª Delegacia da Polícia Civil, para prestarem depoimento. A vítima, segundo sua esposa, era desenhista e tinha 32 anos. A arma foi apreendida."

A versão de Dorialva
"Eu estava no apartamento, tomando café da manhã. Foi quando bateram na porta e era esse cara com uma arma perguntando: 'Onde é que ela está?' Aí eu disse: 'Quem?' Mas ele nem quis ouvir, foi me empurrando e entrou no apartamento, entrou no quarto e acordou o Samuel, meu marido. O Samuel, coitado, nem sabia o que estava acontecendo, só fazia 'Ahn? Ahn?' e o cara gritando 'Onde é que ela está?’ Eu sou muito calma, mas não agüentei e pulei nas costas dele. Ele caiu por cima do Samuel. A cama desabou. A arma disparou. E acertou o Samuel, coitado..."

A versão de Josué
"Não estou satisfeito com o que aconteceu. Me excedi. Foi um erro. Bati na porta e a moça atendeu. Perguntei se a Dalva estava. Ela disse que ali não tinha Dalva nenhuma. Pedi, educadamente, para entrar. Ela disse que não podia abrir a porta. Insisti e entrei. A porta do quarto estava fechada. Fui na direção do quarto e ela avisou: 'Não entra aí!' Eu entrei, pensando encontrar Dalva, e dei com um homem armado. Brigamos, a moça pulou nas minhas costas, caímos sobre a cama, a cama desabou, a arma disparou e ele morreu. Qualquer um se engana. Eu tenho nível, sou formado."

(Este exercício é baseado em um trecho de texto atribuído a Luis Fernando Verissimo. Não foi possível, porém, comprovar esta procedência)