quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Diego Difini

Apesar de conter dicas interessantes para a realização de entrevistas, além de discutir de modo bem objetivo, ponto a ponto, o que seriam "regras" para uma boa entrevista, o que mais me chamou a atenção no texto "Decifra-me ou te devoro: a entrevista política", de Helena Chagas, foram as diversas histórias de grandes entrevistas feitas por jornalistas famosos.
Dentre elas, gostei bastante do relato de Samuel Wainer sobre a sua recepção da Fazenda dos Santos Reis. O que mais me chamou a atenção foi, ao menos pelo que conta o texto, a rapidez e a inteligência do jornalista ao responder a afirmação de Getúlio "Espero que não tenha vindo me entrevistar", pois, em uma situação em que foi flagrado em sua intenção e, ainda por cima, recebeu uma negativa prévia do entrevistado, o repórter conseguiu inverter o jogo com uma resposta bem-humorada. Naquele momento, me parece, Wainer conquistou a simpatia do entrevistado, o que possibilitou a famosa entrevista, publicada sob o título "Getúlio é candidato", em O Jornal.
"A sua primeira mensagem aos visitantes foi um bom copo de água gelada e o aviso de que não tardaria. Desejava apenas saber quem o procurava. Mandei-lhe um cartão e segundos depois o ex-ditador surgia à porta, bombachas e blusão gaúcho, forte e tostado do sol, muito mais saudável e ágil do que a última e, aliás, primeira vez que o vi no Senado, no Rio, em 1942. 'Então, como vai o petróleo? Espero que não tenha vindo para me entrevistar', disse. 'Não senador, vim conceder-lhe uma entrevista. O que deseja saber?'"

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